“O caso da vara” e “Pai contra mãe”: narrativas na contracorrente da dissimulação machadiana sobre a escravidão

Este artigo analisa os contos “O caso da vara” e “Pai contra mãe”, publicados respectivamente em 1899 e 1906 nas coletâneas Páginas recolhidas e Relíquias de casa velha. Trabalhamos com a hipótese de que, nessas duas narrativas, a dissimulação e a capoeira verbal machadianas perdem a centralidade em face da ascensão do combate e da exposição menos velada da crítica ao sistema de escravidão no Brasil do século XIX. Menos interessados em analisar os contos com a perspectiva do historiador social que do crítico, nosso intuito é explicar a representação da escravidão brasileira oitocentista através dos procedimentos narrativos operados por Machado de Assis. Compreendemos que a posição que o narrador ocupa nessas histórias é fundamental para o exame que o Bruxo do Cosme Velho faz da situação do homem negro escravizado. Em diálogo com Duarte (2020), Mbembe (2018, 2019), Chalhoub (2003, 2020), Schwarz (2006) e Adorno (2003), procuramos estabelecer uma perspectiva crítica sobre o tema da escravização e das técnicas narrativas de Machado de Assis.Palavras-chave: “O caso da vara”. “Pai contra mãe”. Escravidão. Dissimulação. Posição do narrador. DOI: https://doi.org/10.47295/mgren.v10i3.340